O Brasil estancou. Tudo corre como se as cartas já tivessem sido lançadas e o antagonismo se reduzisse a ruídos congressuais ou a embates retóricos entre a esquerda oficial, devidamente entronizada no Palácio, e a direita extremada, agarrada a seus fantasmas e à fustigação moralizante contra tudo o que possa exalar direitos e democracia.
O Dilema Econômico
No meio disso tudo, a economia fica como a joia da Coroa. Se avança e é alcançada pelas reformas pontuais do ministro Haddad, os ares melhoram. Se trava, é um Deus nos acuda.
O Papel dos Ghetos Identitários
O que há de agitação vem dos guetos identitaristas, indiferentes à política prática e aos sentimentos das maiorias silenciosas.
A Inação do Estado e a Busca por Renovação
O País continua o mesmo, só que, agora, não há quem organize os conflitos e a contestação social.
O que tem havido de progresso vem dos influxos externos, não da ação explícita do Estado ou de sujeitos nacionais.
A palavra de ordem deveria ser renovação. Trocar modos de pensar, abandonar o vocabulário de gueto, convergir para algum centro de coordenação da democracia progressista, que traga consigo uma nova forma de comunicação política, novos hábitos e procedimentos.
Isso poderia compensar a presença atabalhoada de uma esquerda oficializada, sem inserção social, sem pegada programática, aprisionada a jargões antigos e a flertes inconsequentes com atores internacionais pouco confiáveis, como se a guerra fria não tivesse terminado e as relações internacionais fossem as mesmas de antes.
A esquerda brasileira ainda não processou o que há de novo no mundo e em cada sociedade.
O Caminho para a Viabilização da Esquerda
Uma esquerda envelhecida e sem programa, quando chega ao poder, transfere ao governo mais problemas do que soluções.
A esquerda não se viabilizará dizendo à população que sua tarefa é impedir a volta da extrema direita. Precisa entregar mais do que isso.
Tudo isso é fácil de ser proclamado e muito difícil de ser levado à prática.
É PROFESSOR TITULAR DE TEORIA POLÍTICA DA UNESP
O País está parado e não voltará a caminhar se continuarmos a transferir responsabilidades para os inimigos internos e a culpar o “capitalismo insaciável” pelos males que nos fazem sofrer.
Não avançaremos se a lógica política continuar a ser vivida exclusivamente como contraposição mal qualificada entre esquerda e direita. Há muito mais coisas no céu do que aviões de combate. *
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